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13 setembro 2006

O "uso" da Luz Natural na Arquitetura

"O USO DA LUZ NATURAL EM PROJETOS E OBRAS DE ARQUITETURA"
Primeiro, quero agradecer ao IDEA pelo convite de falar sobre um tema tão importante. Falar em arquitetura é, na realidade, falar na vida - e a luz, o calor, na medida em que a luz é energia, a cor, a sombra, faz parte da vida. Luz é vida. Le Corbusier, o mestre da arquitetura de nosso século, já disse: "Arquitetura é o sábio caminho da luz". Eu uso a luz abundantemente em meus projetos, pois a considero um dos fundamentos básicos da arquitetura. A luz costura os espaços, e cria encantamentos, como na formosa capela de Ronchamps, do próprio Le Corbusier. Mies Van der Rohe, criador dos modernos arranha-céus, dizia: "A história da arquitetura é a luta pela luz, pela janela".
O grande potencial da luz exprime-se pelo encantamento que esta provoca. O encantamento está num estágio mais avançado da arquitetura, após os estágios da racionalidade, da espiritualidade, da sensibilidade. É o momento que mais se aproxima daquilo que o homem sente ao apaixonar-se por uma mulher: o máximo! O grande sonho que tenho perseguido em meu trabalho é alcançar este encantamento. Algo que une o arquiteto ao músico, já que o que se busca é a qualidade, não a quantidade.
O tema da luz é o "algo mais" - ás vezes se consegue, outras vezes não. Hoje é possível discutirmos o parâmetro da qualidade, isto é, o do homem que procura algo além do mero abrigo. Em São Paulo, há toda essa angústia permanente de se resolver o cotidiano - mas a sociedade quer algo mais, algo além da solução dos problemas - um outro patamar de qualidade de vida.
Hoje eu gostaria de falar um pouco sobre os trabalhos que venho desenvolvendo no escritório nos últimos tempos. Entendo que a arquitetura é o campo disciplinar que abrange desde a escala urbana até o objeto. O que vou mostrar é o que temos projetado nos últimos dois ou três anos, sempre à procura da magia da luz. Em muitos dos nossos trabalhos temos utilizado estruturas metálicas - entendo que o aço exibe toda uma densidade de projeto a ser explorada.
É o material das transparências. Quando se trabalha com aço, deve-se entender que o aço representa a linguagem do vazio, da ausência, do espaço, da luz. O aço é o material do nosso século, entrando na mudança de milênio. A solução metálica é acompanhada por uma profusão do uso do vidro, do plástico, do policarbonato. Foi uma luta de vários arquitetos pioneiros que hoje ganha seu esplendor.
Nesta obra para a Escola Panamericana de Artes (que todos conhecem, já que se tornou um ponto de visitação pública, um marco da arquitetura contemporânea em São Paulo), a idéia foi de explorar a transparência do aço para que os espaços ganhassem a cidade - a paisagem dos jardins até a encosta do espigão, o Parque do Ibirapuera (slides). O visitante entra na escola por meio de um túnel - você passa nos espaços de transição até chegar no interior do prédio - o túnel é uma espécie de esqueleto de navio (slides). Esta é uma vista geral do conjunto: duas partes bem distintas do terreno fizeram com que colocássemos o edifício com sua pirâmide na parte desprovida de árvores: na outra, preservamos integralmente as árvores existentes (slides).
A pirâmide é o referencial principal do prédio, já que corresponde aos pontos de encontro do conjunto - foi construída com vidro duplo com vácuo intermediário - assim é possível manter o isolamento acústico em local de uso ruidoso (slides). No centro da pirâmide há um centro de energia - o auditório, na sua base abre-se e fecha-se através do controle eletrônico de painéis móveis que são recolhidos (slides).
O resto do edifício é composto por massas de vidro e aço que se relacionam com a arborização ao redor. Aliás, o aço é um material que se relaciona bem com a natureza: a estrutura de aço é uma grande escultura, como a de uma árvore (slides). Um aspecto importante desta obra é que a escola não parou no ano em que a construção ocorreu, já que os vãos adotados permitiram construir o edifício por cima das casas pré-existentes (slides). Assim, diria que, a ambientação deste edifício é composta pela luz e pelas vistas da paisagem urbana - o resultado é agradável (slides).
Vou mostrar agora alguns projetos que estão sendo desenvolvidos pelo escritório baseados pelo conceito de prumadas verticais em formas deslizantes, com bandejas de diferentes projeções - toda uma riqueza de soluções, criando uma nova dinâmica entre o dentro e o fora (slides).
Este é um edifício - marco em Londrina, no Paraná. É composto por duas massas de concreto contraventadas, compondo com um grande átrio central com pele de vidro. De dia a luz entra; de noite ela se projeta para fora , iluminando a cidade como um farol (slides).
Este edifício foi objeto de um concurso para sede da CICONTEL em Londrina - a torre de comunicações é a própria estrutura do edifício; este desenvolve-se como um "miolo" ao entorno da torre. De dia funciona como um marco na paisagem urbana (slides). Esta é uma vista aérea do edifício com um miolo metálico - enfatiza-se assim a transparência deste último (slides).
Já esta é uma escola para Fundação de Ensino (FNDE) - aqui utilizamos cores primárias em alguns elementos; no resto o material utilizado é o concreto (slides). A escola situa-se em Ribeirão Preto, com seu clima muito quente. Como aqui a luz solar pode até incomodar, desenvolvemos uma arquitetura caracterizada por pátios e jardins, permeando os diversos pavilhões. Na cobertura, telhas de barro. O sistema viário entra dentro da escola concebida como um equipamento urbano completo (slides).
Já na escola da Santa Úrsula utilizamos um sistema construtivo baseado em peças pré-moldadas - baseadas em parabolóides hiperbólidos executados pela HOCHTIEF. A luz aqui entra por aberturas zenitais nos corredores (slides). Os corredores acabam nas capelas - a luz passa por blocos de vidros no piso - o que exigiu uma execução primorosa (slides).
A arquitetura é luz e luz é cor. Tirar partido da luminosidade é o objetivo; As capelas não tem dimensão fixa: às vezes ficam até sem bancos, dando vontade de se sentar no chão. Os vitrais utilizados, como nas catedrais góticas, visam "coar" a luz, criando um efeito luminoso absolutamente mágico. Um ar angelical, criando clima para se elevar espiritualmente. Entendo assim a forma de se trabalhar com o fenômeno luz (slides).
Há outros projetos recentes que gostaria de apresentar: Neste projeto para o Hospital das Nações a proposta foi a de unir a parte de hotelaria com a parte médica através de uma "Ponte dos Suspiros" às avessas - saindo da operação para voltar ao aconchego do quarto, ou da casa (slides).
Um projeto em que a luz tem fator importante é o das estações do mono-rail para o Barra Shopping, no Rio de Janeiro (slide). Aqui o policarbonato da DAY BRASIL foi utilizado de forma integrada à solução estrutural em aço, com outra estrutura em alumínio com policarbonato alveolar para criar o sombreamento necessário. Foi realizado um detalhe primoroso do conjunto, com desenhos que, modéstia à parte, podem ser considerados de primeiro mundo. O sistema utilizado é sutil e limpo - composto por um conjunto de elementos que trabalham em harmonia, com excelente nível de acabamento (slide).
Utilizamos a cor vermelha nas estações, com muita liberdade de composição. À noite, a obra iluminada e luminosa valoriza o Shopping (slide). Esta obra foi muito elogiada, passando a ser lugar de divertimento, muito atraente para um grande shopping center. Tivemos inclusive que fazer todo um detalhamento de elementos que garantissem a segurança dos usuários contra quedas em geral, já que o mono-rail transporta 20 a 30.000 pessoas por fim de semana (slides).
Um outro projeto em que utilizamos aço e grandes superfícies de vidro é este Centro Médico Integrado, em Jurubatuba - aqui as fachadas de vidro foram voltadas para a face sul por causa da insolação.
Outro projeto em início de construção é uma nova unidade da Escola Panamericana na Avenida Angélica (slide). Composto por quatro torres de aço, apresenta uma proposta interessante: os espaços de exposição foram localizados na rua. As suas aberturas foram projetadas com tubos de aço, e os espaços permitem a realização de exposições de rua (slides).
Enfim, tentei comunicar o quanto a luz natural participa da arquitetura, criando grandes desafios para o arquiteto e para a indústria da construção.
Existem vidros hoje que escurecem em função da quantidade de luz, através de processos químicos próprios do material - são tecnologias fantásticas e podemos dizer que os recursos avançados do fim do século só poderão enriquecer o nosso trabalho. Obrigado.
Siegbert Zanettini é arquiteto formado pela FAUUSP - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, da qual recebeu o título de doutor e é professor nos cursos de Graduação e Pós-Graduação. É titular do escritório "Siegbert Zanettini Arquitetura e Planejamento", tendo sido o autor de inúmeras obras de destaque no panorama de arquitetura brasileira contemporânea.